Nos últimos meses, um dado tem chamado atenção de quem acompanha o mercado financeiro no Brasil. O número de investidores em renda fixa subiu expressivamente. Segundo levantamento da B3, entre o segundo trimestre de 2024 e o mesmo período de 2025 houve um aumento de 20% nessa categoria, atingindo, agora, 100,2 milhões de CPFs registrados.
Com isso, o volume em custódia desses ativos alcança R$ 2,8 trilhões, o que representa um salto de 23% em um ano. Entre os produtos preferidos estão os títulos de captação bancária (como CDBs e RDBs), responsáveis por 99,1 milhões de investidores. Mas o que está por trás desse crescimento tão expressivo? A resposta passa por diversos fatores econômicos, regulatórios e de comportamento dos investidores.
Um dos principais motores dessa migração é o nível elevado da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 15% ao ano (dezembro 2025). Em um contexto de juro real elevado, investir em títulos pós-fixados ou atrelados ao índice de preços (como o IPCA) significa obter retornos reais positivos de forma previsível.
Dessa forma, quem busca segurança, previsibilidade e preservação do poder de compra enxerga na renda fixa uma opção mais confiável, especialmente em cenários de incerteza econômica.
Outro fator que tem ampliado a base de investidores na renda fixa é a maior facilidade de acesso. Plataformas digitais, corretoras e ferramentas de investimento simplificadas permitem que investidores com perfis conservadores ou iniciantes participem com valores menores. Isso facilita a adesão, inclusive por quem antes tinha receios com investimentos. Além disso, produtos como o Tesouro Direto têm atraído atenção. Hoje, já são cerca de 3 milhões de investidores, com crescimento de 14% em um ano.
Num cenário marcado por volatilidade econômica global, inflação persistente e dúvidas sobre o futuro da economia doméstica, muitos investidores têm optado por reduzir riscos. A renda fixa, com menor oscilação, previsibilidade de retorno e menor impacto das flutuações de mercado, oferece um porto seguro mais sólido do que ativos de risco, como ações ou fundos imobiliários.
Para quem planeja a aposentadoria ou um patrimônio de longo prazo, essa proteção pode fazer bastante diferença. Para quem já participa de planos de previdência complementar, ou está avaliando aderir, o contexto favorável à renda fixa tem implicações relevantes. Em comparação a renda variável, a renda fixa tende a apresentar menor volatilidade, algo importante para preservar o patrimônio especialmente em contextos econômicos incertos. Além disso, mesmo que um plano de previdência tenha diversas classes de ativos, dedicar parcela significativa a renda fixa pode aumentar a resiliência da carteira, especialmente em ciclos de juros elevados. Com retornos reais acima da inflação, a renda fixa pode ser um pilar útil para quem busca acumular recursos para aposentadoria, garantindo poder de compra no futuro. Por outro lado, vale observar que especialistas alertam para o risco de quem pretende resgatar recursos antes do vencimento dos títulos. Nesses casos, a marcação a mercado pode trazer perdas, o que reforça a importância de alinhamento entre o objetivo de investimento e o prazo.
O crescimento expressivo da base de investidores em renda fixa mostra que muitos brasileiros estão repensando sua estratégia de investimento num cenário de juros em alta e de incertezas. A renda fixa, com seus atrativos de segurança, previsibilidade e retorno real, ganha força especialmente diante de um ambiente econômico volátil.
Para participantes de planos de previdência complementar, esse movimento reforça a importância de considerar a renda fixa como componente estratégico da carteira, contribuindo para a construção de patrimônio com equilíbrio entre segurança e retorno.
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